“Insurreição do Queimado – Episódio da História da Província do Espírito Santo”, um dos livros mais importantes da historiografia capixaba, revela o caráter vanguardista de seu autor, Afonso Cláudio de Freitas Rosa.
Ao entrarmos no ano do 140° aniversário da obra, este livro destaca a memorável atuação de Afonso Cláudio em duas frentes: a luta antiescravista e republicana nas terras capixabas e, acima de tudo, seu pioneirismo no campo do Jornalismo.
Nesse sentido, aqui se defende a hipótese de que “Insurreição do Queimado” se coloca como texto inaugural do gênero livro-reportagem no Brasil, antes mesmo daquele considerado pelas pesquisas por ora efetivadas como o pioneiro, “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, lançado em 1902.
Sumariamente, a “insurreição” ocorrida na localidade de Queimado, atualmente, município da Serra, Região Metropolitana de Vitória, foi uma revolta efetivada por cerca de 200 escravizados, brutalmente sufocada pelas forças imperiais em dois dias.
A rebelião eclodiu em 19 de março de 1849, me diante a frustrada alforria prometida em troca da construção da Igreja de São José, inaugurada nessa data, após quase quatro anos de obras.
Perseguições, assassinatos, torturas, condenações à morte e a suplícios públicos, entre outras trágicas imputações aos envolvidos, marcaram o desfecho da insurreição, para sempre inscrita na história pelo vanguardismo humanístico de Afonso Cláudio, numa narrativa inédita a seu tempo, que só mais tarde viria a ser conceituada: o livro-reportagem.